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sábado, 18 de janeiro de 2014

MENSAGEM PASTORAL


Os Perigos da Graça Barata

“Passando por ali, viu Levi, filho de Alfeu, sentado na coletoria, e disse-lhe: ‘Siga-me’. Levi levantou-se e o seguiu” (Mc 2.14).

A Igreja sempre esteve às voltas com lutas e confusões doutrinárias. Heresias, falsos ensinos, erros grosseiros quanto á interpretação das Escrituras acompanham a história dos discípulos de Cristo desde os primeiros dias do Evangelho. Os cristãos gálatas e colossenses dão testemunho de como foram acossados pelo ‘judaizantes’ e também por elementos estranhos da cultura pagã. Há ainda a figura do Mago Simão que ofereceu dinheiro em troca dos poderes do Espírito Santo e as cartas às Igrejas do Apocalipse denunciam a existência de hereges e heresias como os ‘nicolaítas’ e os ensinamentos sinistros de Jezabel. Finda a era apostólica os Pais da Igreja tiveram muito trabalho com a enxurrada de heresias que grassavam a Igreja de Cristo. O encontro do Evangelho com a cultura greco-romana não foi tranquilo. A Igreja não passou incólume no seu processo de ‘encarnação’ no mundo pagão. Os gnósticos e suas ideias sobre a matéria, o conhecimento, o espírito e a verdade. Os rigoristas como Donato e Tertuliano que se excediam no afã de observar a lei de Cristo impondo uma carga demasiada pesada sobre os ombros dos discípulos. Ou malucos como Montano que se achava a encarnação do Espírito Santo ou Maniqueu e seu ‘mix esotérico’, muitas foram às batalhas travadas pela Igreja para defender sua fé, seu Senhor, sua missão. A lista de hereges e heresias até o século VI é enorme. Contudo, não obstante a vitória de Cristo em sua Igreja em muitas frentes, algumas destas pragas encontram solo fértil entre os discípulos e muitas sementes ainda germinam em nossos dias.Hoje, nossa maior luta dever ser contra a Graça Barata. Contra a proposta de um Evangelho sem discipulado. Contra a vida de fé sem obediência, contra conversões que não transformam o estilo da vida. O grande desafio da igreja hoje é levar os crentes a compreenderem que só o conhecimento intelectual de uma doutrina, ou o assentimento racional a uma verdade, ou a adesão a uma igreja não são suficientes para indicar um estado de nova criação, de novo nascimento. Nem mesmo o abandono dos vícios necessariamente significa muita coisa. Outras instituições e organizações também preconizam tais mudanças, que fazem um bem incalculável para a pessoa, seus familiares e à sociedade, sem, contudo salvá-la. A Graça Barata é a confissão de Cristo sem o seguimento d’Ele. Os Evangelhos testemunham o que é a Graça Preciosa. A Graça que compromete e transforma radicalmente a existência de uma pessoa. Esta Graça é antes de tudo uma vida de obediência da fé. Pedro deixou as redes. Mateus deixou a coletoria de impostos. Tiago e João deixaram seus barcos de pesca e a sociedade com o pai e os irmãos. O que os levou a dar este passo? Não foi uma nova doutrina ou um novo e misterioso conhecimento de Deus. Não foi nenhuma proposta lógica e racional de um novo jeito de viver e compreender a vida. Não! Foi o próprio Jesus Cristo, o encontro pessoal com Ele, o ir imediatamente após Ele, o ficar com Ele é que constitui o princípio que leva ao discipulado. Não é uma decisão tomada à luz de muita reflexão ou estudo, embora reconheçamos a validade dos mesmos já no processo de discipulado e na fase imediatamente anterior à profissão de fé e batismo. Trata-se de um encontro pessoal, irresistível que leva a um compromisso radical de ir aonde ele for. Estar onde ele estiver. De aprender a viver, a falar, a ser como Ele. A Graça Preciosa exige ser valorizada por uma vida de profundas transformações no caráter, nas estruturas do coração. O discipulado, na verdade, é esta Graça Preciosa. Sem o discipulado o que temos é uma Graça Barata, que sacramentaliza, mas não evangeliza. Que torna o homem mais religioso, mas não faz dele um cristão. Que o arrola na Igreja, mas não o torna um cidadão do Reino dos Céus. Oremos todos, para que assim como Pedro no episódio da tempestade no mar da Galiléia em Mateus 14.28, Jesus nos mande ir ao encontro dele no discipulado para que não naufraguemos na vida cristã. 
Rev. Luiz Fernando – Pastor da IPCI

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