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sábado, 14 de novembro de 2015

MENSAGEM PASTORAL

Olhos fixos em Jesus
“Olhando para Jesus, autor e consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à destra do trono de Deus” (Hb 12.2).

O título desta pastoral é uma solene advertência das Sagradas Escrituras para cada cristão em particular, mas também para a totalidade da igreja. No que tange a vida pessoal de um cristão o que não lhe falta é a ocasião para retirar os olhos de Jesus. São as preocupações normais do dia a dia, as solicitações da vida e sua frenética correria, os muitos improvisos e infortúnios que não raras vezes nos tiram o equilíbrio. Há também a cultura do entretenimento que nos pressiona a todo instante para que desviemos o nosso olhar da realidade e das questões mais essenciais de nossa existência com o discurso de que relaxar e soltar as rédeas, descansar a mente, dar um tempo é a única saída para suportar essa vertiginosa época em que vivemos. Dentro deste contexto temos ainda as redes sociais que solicitam a nossa resposta imediata ao menor toque de que uma mensagem do ‘wathsapp’ traz as últimas notícias, por exemplo. A Igreja também pode facilmente desviar o seu olhar de Jesus. Basta que as Escrituras percam milímetros de sua posição no centro da vida da comunidade de fé para que nossos olhos se desviem quilômetros de distância de Jesus. Isso acontece quando a exposição das Escrituras são substituídas por pregações de auto ajuda, dramatizações, apresentações musicais, jograis, testemunhos, filmes, palestras inteligentes para se resolver dramas e questões do cotidiano e etc. Quando em uma igreja a programação de atividades “extra púlpito”  são mais privilegiadas, tais como chás para as mulheres, campanhas de milagres e busca de bênçãos e curas,  almoços e jantares temáticos para fomentar a comunhão e etc. não demora muito e nossos olhos já não estão mirados em Jesus. Uma igreja perde Jesus de vista quando o culto é pensado para agradar os de fora, atrair os incrédulos, afagar os egos, contentar a plateia e não se dirige exclusivamente a exaltação da glória de Deus e a proclamação das excelências de Cristo. Neste culto que põe o homem e a suas demandas no centro de suas preocupações Jesus não passa de uma reminiscência bíblica, de um coadjuvante, de uma expressão religiosa com a qual pomos fim ás nossas orações, quando elas existem. Mas, há um lugar comum onde o cristão individualmente e uma igreja perdem Jesus de vista, este lugar é a inexistência de vida de oração fervorosa, disciplinada e apaixonada. Quando um cristão deixa de orar em particular, deixa de cultivar um tempo em seu ‘quarto secreto’, não investe numa relação a sós e pessoal com o Pai, o Senhor Jesus vai deixando de ser necessário, relevante, essencial e presente em sua vida. Sem a oração nenhuma bênção pode ser acessada. Sem oração nenhuma graça pode ser apossada com proveito pelo cristão. Pois, todas as bênçãos prometidas e todas as graças disponíveis nos vem por Cristo, sem Ele, o Pai não nos atende, não consente em dar-nos o que necessitamos. Sem oração em nome e nos mérito de Cristo o acesso a Deus o Pai nos é tanto impossível quanto nosso esforço ou desejo de alguma coisa d’Ele inútil para nós.  Também uma igreja quando negligencia os seus deveres coorporativos para com a oração tem a sua vida de comunhão, serviço e testemunho bastante prejudicada. Uma igreja que não ora perde poder espiritual para o combate com as potestades que escravizam este mundo caído, vive desorientada e perdida confundindo evangelização com proselitismo, amor e comunhão com sociabilidade, serviço com cargos e por aí vai. Quando uma igreja vive centrada na oração Jesus como cabeça e Senhor doa-lhe o Espírito sem medida para que haja poder no púlpito, graça no serviço, autenticidade no testemunho, amor recíproco entre os irmãos e amor sacrificial pelos perdidos e alienados de Cristo. Faz toda a diferença do mundo ter os olhos em Jesus ou não. Os evangelhos narram dois episódios com o apóstolo Pedro. No primeiro deles, durante uma tempestade, Jesus caminha sobre as águas ao encontro dos discípulos temerosos em meio ao mar encapelado e das rajadas de vento e Pedro pede para ir ao encontro do Mestre. Jesus consente no pedido e Pedro começa a caminhar sobre as águas como Jesus, mas, quando Pedro desvia por um átimo de segundo os olhos de Jesus e se deixa impressionar pela força do vendaval imediatamente começa a afundar (Mt 14. 22-33). Em outro episódio, Pedro acabara de negar seu amigo e Senhor, o galo canta fazendo recordar amargurado a profecia cumprida de sua covardia, todavia, quando seus olhos cruzam com os de Jesus o remorso doloroso cede seu lugar para um coração arrependido, envergonhado e quebrantado, pronto para o perdão e a restauração (Lc 22. 61-62). Jamais tiremos nossos olhos de Jesus e a sua luz nunca nos abandonará.

Reverendo Luiz Fernando
 é Ministro da Igreja Presbiteriana do Brasil em Itapira

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